É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e murmúrio,
palavra indireta, aviso
na esquina. Tempo de cinco sentidos
num só. O espião janta conosco.
.
É tempo de cortinas pardas,
de céu neutro, política
na maçã, no santo, no gozo,
amor e desamor, cólera
branda, gim com água tônica,
olhos pintados,
dentes de vidro,
grotesca língua torcida.
A isso chamamos: balanço.
.
No beco,
apenas um muro,
sobre ele a polícia.
No céu da propaganda
aves anunciam
a glória.
No quarto,
irrisão e três colarinhos sujos.
.
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Parte IV do poema Nosso Tempo, de
Carlos Drummond de Andrade.
Carlos Drummond de Andrade.
9 comentários:
Putz, que coisa mais linda!
Nossa, nem tinha percebido que os links de comentários tinham fugido do meu blog...
Esses links fujões...
Acho que é porque eles nunca haviam trabalhado tanto antes... ficaram com medo!hehe!
Mas para quem achar ofereço recompensa em poesia!
bjs e obrigada pela visita
é por tudo isto que gosto tanto de Carlos Drummond de Andrade...que fascinio...
é por tudo isto que gosto tanto de Carlos Drummond de Andrade...que fascinio...
Descobri seu blog por outro...
bela escolha de poema!!!
olhos pintados de gim; becos pintados de glória.
Um abraço.
Meu tempo sempre é de quentura.. brando... aconchego... murmúrio de amor.
A paixão e o calor, andam juntos, mesmo quando eu não tenho par :o)
Beijos querido Marco
Faço coro ao comentário que também adoro Drummond.
Beijo
Altamente. Gosto imenso desse poeta. Tinhapalavras fortes e sentimentos maiores ainda!
Bjs meus
Oi Marco...
Gostaria que você publicasse um texto de Carlos Drummond de Andrade que fale sobre o Amor... (sei que já publicou alguns), mas sei que encontrarás um bem especial...
Please!!!
Acho que estou respirando AMOR nos últimos tempos...rs
Bj
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