sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A arte de perder


"A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
- Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério."

(Elizabeth Bishop)

Tradução de Paulo Henriques Britto


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Confira a minha poesia: "Tem dias..."

4 comentários:

Victor Gimenes disse...

Muito bom,... espero sua visita no meu blog recém-montado!!! Prentendo colocar poesias por lá... vigimenes.blogspot.com

Edna Federico disse...

Saber perder e aprender com isso, é crescer.
Beijo

Bruxinha disse...

Ainda nao aprendi a entender o misterio da perda..por enquanto so sei sofrer com cada perda...bonito..mais com certeza a arte que ainda nao aprendi!!!
Lindo blog!!!

Darla disse...

Liiindo, mas como minha amiga bruxinha disse, precisa aprender a arte da perda, ainda não sei...
Adorei o blog. Conto com sua visita tbm!