sexta-feira, 22 de junho de 2007

Apócrifo - Gabriel García Márquez

(...nessa minha incansável busca por poesias e textos que "falem por mim", encontro na Internet tantos absurdos atribuídos a escritores como Mario Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles... só pra citar alguns. Infelizmente tem muita gente que não se preocupa com a autenticidade do que está publicando. Cuidado!!! Começo aqui a postar alguns apócrifos! Hoje trago um texto atribuído a Gabriel García Márquez...)


"A Despedida"

"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam, e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate! Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma. Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha. Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer..."


O belo texto na verdade se chama "La Marioneta" e foi escrito por Johnny Welch, um ventríloquo que trabalha no México, para o seu boneco de nome Mofles. "Estou muito desapontado por haver escrito alguma coisa e não receber o crédito", disse certa vez Johnny Welch, o verdadeiro autor do poema.

17 comentários:

Cau Alexandre disse...

Marquim...
Já conhecia esse texto, e já abordei o tema um dia lá no Mar. Tantos anônimos que perdem seus textos por uma simples falta de cuidado de quem 'copia', ou por acharem parecido com a escrita de um 'famoso' e põe o nome do outro lá.
Bom, adorável esse texto...
Excelente iniciativa a sua, Marquim.
Beijos

J. Manhães disse...

Estou apaixonada pelo teu blog!!
Lindíssimo mesmo..
Já adicionei aos meus favoritos pra que outros o conheçam!!
Beijos e um ótimo final de semana!
Até a breve ;}

Jonice disse...

Te agradeço ser incansável em tua busca. O resultado é um presente para quem te lê. Já não consigo ficar sem dar um pulinho aqui quase todos os dias.
o poema de Johnny Welch é sublime :)
Bom fim de semana e um beijinho

Carmim disse...

Este teu post é até de utilidade pública. Esses erros acontecem mais vezes do que seria desejado, algumas vezes por desinteresse de quem copia, outras por as fontes estarem tão alteradas que o autor se perde na confusão.
Mas é bom ter muito cuidado com aquilo que se publica quando não é escrito por nós.
Se pegamos a ideia emprestada, o mínimo que podemos fazer é atribuir os créditos a quem de direito.
Não tem nada a ver com este post, é mais um elogio por tudo, mas já disse que admiro muito a sensibilidade que sinto aqui? Parabéns por isso. =)

Beijinhos

Vanda disse...

É uma grande verdade, ao lermos um texto devemos ter esse cuidado, certificar que o autor é mesmo o autor...faz-me lembrar aquele jogo de passar uma mensagens de pessoa em pessoa que chega ao fim completamente alterada, isso é o que aconteçe quando de vai copiando um texto de um lado para o outro sem respeitar a fonte original!!!
Mas, esse seu post sem duvida que é uma alerta de grande utilidade!

beijo e bom fim de semana

R Lima disse...

Já conhecia este texto e é sim perfeito... vê-lo aqui é saber que tb és um apreciados do q é bom..

Obrigado cara pelas visitas ao meu blog.. bom sempre vir aqui..

Abçs e bom são joão..r.s.s

Passa lá no meu blog.. atualizei agora.




Texto de hoje: Luiz Gonzaga...

Visite e Comente... http://oavessodavida.blogspot.com/

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

Juℓi Ribeiro disse...

Marco:

Lindo texto!

Já o conhecia também.
Penso que devemos
fazer como você...
Verificar quem é o autor
e dar os créditos aos seus legítimos donos.
Teu blog continua lindooo!
Beijo.

Vanda disse...

Olá!
tenho uma surpresa no meu blogue para o seu! espero que goste!
Beijos e um bom domingo

*Um Momento* disse...

Cada vez mais gosto de por aqui passar, sentar e admirar(",)

O teu espaço está cada vez mais rico...

Parabéns !

Um beijo de bom Domingo(*)

Anônimo disse...

Eu já recebí este texto, várias vezes.. e com vários autores diferentes.
É mesmo uma pena, na internet as coisas funcionam meio que assim, né? Copia, cola.. e bota o que quiser. Uma pena.

O que prima aqui, meu querido, é o cuidado, com todos os detalhes.
Parabéns.

Beijos

Edna Federico disse...

É verdade, também já recebi texto que diziam ser de uma pessoa, quando na verdade eram de outra.

Dri disse...

Amore....eu voltei. E como sempre vc sempre ético. Parabéns pelo seu post!

Indo arrumar "minha casa".

Beijo (s) amore( s) mio
Uiiiii!!!! rsss

Anônimo disse...

Realmente são poucas as pessoas que se preocupam com a autenticidade de um texto ao reproduzi-lo, apesar de não ser nenhuma escritora famosa já aconteceu mais de uma vez de encontrar textos meus publicados em outros blogs sem os devidos créditos como se o texto fosse da pessoa que publicou. E realmente a sensação não é nada boa, entendo perfeitamente o desapontamento de Johnny Welch.
O poema é lindo, e as observações que vc fez foram muito bem colocadas.
Bjos e boa semana!

HNunes disse...

Parabéns por dois motivos.
1º Pelo facto de mostrares que antes de se publicar seja o que for, deve-se investigar a sua veracidade.

2º o que escolhes para falar por ti, é deveras lindo.
Continua com estas óptimas escolhas.
Bjos

Cusco disse...

Pois é....não tem nada a ver com o Gabo!

Abraço!

Jac C. disse...

Mas eu vou te contar, viu!
Vc é surpreendente!
Chego a ficar com vergonha do pouco que sei...rs.
Ainda bem que convivo com gente de alto escalão cultural... hehehe.
Quem sabe pega!...rs

Bom, acho que já terminei minha lição de casa aqui.

Inté, moço legal!... hehehe

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado