terça-feira, 19 de junho de 2007


(...dedico o post de hoje a todos os poetas que catam feijão... escolhendo, combinando palavras... selecionando os melhores grãos, a fim de construir uma poesia que fale por si, desfazendo-se de tudo o que for "leve e oco, palha e eco"...)








Catar feijão


1.


Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.


2.


Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre

um grão qualquer, pedra ou indigesto,

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a como o risco.
.
.

O poema "Catar Feijão" faz parte do livro "A Educação pela Pedra", de João Cabral de Melo Neto, cuja primeira edição foi publicada em 1965.

16 comentários:

quem ama disse...

Ops... tô encabeçando a lista hj... que chique, benhê!
Vc como sempre me proporcionando leituras inéditas.
Inté, moço legal!...rsrs

Anônimo disse...

Ameiiiiiiiiiiiiiiii.. serviu direitinho prá mim.. rsrs.. eu cato mesmo, feijão, milho.... tudo de catar prá sair um texto.. afe.. rsrs

Obrigada pela feijoada que me toca.. rsrs

Beijos Marco

Eärwen disse...

Obrigado pela tua visita ao meu mundo. Obrigado pelas palavras que
aqui encontrei, lindas!!

Deixo-te uma pérola incandescente de inspiração e com ela um "mimo" especial.

Eärwen

"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
...
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada. " (Motivo - Cecília Meireles )

Jac C. disse...

Psiu... gente, que comentário foi esse que vc deixou lá pra mim? Imagina se eu iria ignorar algo vim de vc, homem.
Já procurei em tudo que é lugar... na caixinha de cá, na caixinha de lá, debaixo do meu caderno, debaixo da cama, dentro da minha bolsinha de lápis (vai que escorregou e caiu da tela...rsrs)
E não apareceu mensagem de coment a ser moderado pra mim no painel.
Ah homem... tem certeza que não deu pau no micro justo na hora que vc tava enviando o "mimo"?
Vou procurar de novo ué... mas aconteceu um troço estranho lá...rs
Desculpa! Se isso aconteceu não foi por culpa minha, sério!
E te garanto, quem saiu perdendo foi euzinha aqui.
Ah... to me preparando pra batalha dos fios... salvando umas coisas aqui pra levar meu pczinho pro médico (Sniffs...)
Bjs, moço lega! Hehehehe

Carmim disse...

Tenho uma relação serena e atribulada com as palavras, depende do meu momento.
Há as que jogo na folha de papel e vejo afogarem-se por não terem onde se agarrar.
Mas, as sobreviventes são as que partilho com todos (mesmo quando andam sem rumo, ou prumo).
Admiro as tuas, as escolhas que fazes... e a música sempre em concordância. Maravilhoso.

Beijos.

Edna Federico disse...

Você conseguiu reunir aqui belos feijões, sorrisos, parabéns!

Jonice disse...

E aqui em teu blog estão feijões maravilhosos.
Beijinho :)

Anônimo disse...

Oi Mocinho...

Feijão!!! É bom!!!

Deu até fome...rs

Bj

Eu lírico disse...

Mais uma vez venho aqui e fico encantada... aliás pelo que percebo difícil vai ser o dia em que não ficarei... Ahhh e com Zeca Baleiro tocando ao fundo seu blog ficou perfeito... A poesia aqui é escrita e cantada em alto e bom som...
Bj.
Glaucia

foryou disse...

E esse trecho do livro foi muito bem escolhido.

Juℓi Ribeiro disse...

Marco:

Seu bom gosto
sempre me encanta...
ADOREI...
Sua trilha sonora
está maravilhosa!
Um abraço carinhoso.*Juli*

Pensatriz disse...

NoOoOoOoOssa...
Poeta nato, com P maiusculo!
Privilégio ter encontrado!
Bjs

Vanda disse...

o melhor nem sempre é catar as palavras mas sim deixa-las fluir!

somos o que somos
o mar é só o mar
as estrelas são só estrelas
poemas e poesia uma arte sublime

beijos

Menina do Rio disse...

Os grãos selecionados que ficam são a alma dos poetas que germinam...

beijos

Anônimo disse...

Fabuloso!
Salve todos os queridos poetas "catadores de feijão"
Bjinhos!

Edna Federico disse...

Obrigada pela visita, Marco.
Pois é, tinha um problema de configuração no perfil.
Beijo