quinta-feira, 24 de maio de 2007



Perfil

Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos tão naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida.

Miguel Torga, Poesia Completa

9 comentários:

Anônimo disse...

"E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida."

Simples assim.. Eu quero sempre mais!!!

Beijo

Carmim disse...

Nossa, de facto nós estamos sp a coincidir em alguma coisa.
Primeiro eu menciono Fernando Pessoa, hoje comentavam em meu blog que deveria ouvir esta música, e eis que a encontro aqui. E depois, ainda há quem diga que não existem coincidências, rs!

Amo a poesia de Miguel Torga, identifico-me de tal forma com este poema em particular que, dispensa até mais palavras. Está tudo dito. =)


Beijinhos.

Amèlie disse...

Porque este texto me faz parafrasear Clarice Lispector: Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível. Eu não: quero é uma verdaqde inventada

Um beijo e um lindo final de semana.

Anônimo disse...

Ótimas as escolhas literárias que você faz para publicar no blog... muito bonito aqui, moço.

Vanda disse...

Adoro poesia!
Adoro Miguel Torga!
Boa escolha!!!

Bom fim de semana
e um beijo

Cris... disse...

Eu tbem quero tudo e de tudo... mas só as coisas boas...!!

P.S: assustei vc, né?! Sorry... não tive a intenção...

Saudade dos seus coments.

Jac C. disse...

Sim. Sim tenho limites.
Abraços.

Dri disse...

Amore!!!!!

Sinto cheiro de paixão no ar..ai..ai...rsss

Juℓi Ribeiro disse...

Marco:

Texto belíssimo
de Miguel Torga.
Intenso!

"Sou uma fome
incontida
De viver"
Que coisa mais linda...
Um abraço.*Juli*